PRIMEIRO E SEGUNDO FORRO DO CASCO
As voltas seguintes ocorrem dentro do espaço aberto pela tábua do forro anterior.
Com o modelo “a fazer da quilha portaló” coloca-se, em cada bordo, a tábua do resbordo, que é a primeira volta imediatamente a seguir à quilha, e o forro continua agora do resbordo pelo fundo, rumo ao encolamento que é o lugar da baliza em que o navio começa a fazer volta para cima. Verifica-se, pelo alinhamento da quilha, que até ao momento a estrutura do modelo não sofreu deformações significativas.
A prática do modelismo exige alguma habilidade manual, muita persistência e gosto pelo trabalho bem feito. Normalmente estas qualidades não são inatas, mas podem ser adquiridas e desenvolvidas pelo esforço individual reforçado pelo estímulo do trabalho em equipa.
Últimos remates para fechar o primeiro forro do casco.
Aplica-se cola no interior do casco para selar juntas e consolidar o forro. Intervala-se as áreas de aplicação para que a acumulação excessiva de humidade numa zona concentrada do barco não origine a descolagem do forro. Repete-se o procedimento quando a primeira camada de cola está bem seca. A cola funciona como um forro interior que vai preservar o navio nos anos vindouros impedindo que o mesmo possa abrir fissuras no casco. Desempolamento geral do casco que foi lixado exaustivamente, primeiro com a ajuda de uma lixadeira delta e depois com o trabalho terminado à mão. Começa-se a polir o casco com uma lixa de grão mais grosso que vai diminuindo à medida que o trabalho se completa.
Antes de colocar o segundo forro, aplica-se o forro do painel de popa com a essência de madeira a colocar no segundo forro ( lamelas de madeira de bétula com 1,75 mm de espessura e 5 mm de largura).A colocação do cintado precede o forro do casco. A cinta tem uma secção, em quadrado, de 5 mm que exige algum cuidado na colocação já que, com estas dimensões, a madeira oferece alguma resistência à moldagem. Pode-se moldar a madeira passando-a por água para lhe aplicar posteriormente calor com um ferro de soldar. Recomenda-se também uma imersão em água a ferver com moldagens sucessivas à mão até se obter a curvatura pretendida. A madeira deve sair bem quente da chaleira, obtendo-se assim uma secagem imediata da mesma antes da colocação. Se a madeira for aplicada impregnada com água a colagem será mais difícil. Para que fique no registo, informa-se que o autor destas linhas só conseguiu permissão doméstica para utilizar a chaleira familiar em actividades modelistas mediante substituição da mesma, com longa experiência de chá, de por outra novinha em folha.
O cintado coloca-se abaixo da linha do convés, sublinhando, pelo exterior, o tosado do pavimento. Começa-se por colocar a cinta num dos bordos com cuidado para que ela fique simétrica no lado oposto.
Começa-se por colocar as tábuas do forro imediatamente abaixo e acima do cintado. A primeira volta abaixo e as duas tábuas acima do cintado não são afuniladas nos topos dianteiros e correm de proa à popa com a mesma largura. As tábuas seguintes sofrem um ligeiro afunilamento, principalmente à proa. O ponto inicial do afunilamento começa no lugar onde a tábua a colocar tende a sobrepor-se naturalmente à tábua já colocada. A tábua deverá chegar à roda de proa com uma largura suficiente para possibilitar a pregadura. Quando já não se consegue que a volta a colocar siga conexa com a tábua colocada deixa-se provisoriamente o forro do costado para começar a aplicar o forro do fundo a partir da tábua do resbordo, que corre contígua à quilha. A tábua do resbordo não sofre afunilamento na proa, mas as tábuas subsequentes deverão ser desbastadas nos topos dianteiros encurtando gradualmente a sua largura. Quando já não é possível colocar mais nenhuma tábua ao lado das já colocadas, deixa-se que os topos da tábua a colocar inflictam naturalmente para cima e faz-se um entalhe na tábua a colocar no ponto em que esta se separa da anterior.